Relatório
sobre a visita Técnica ao Riacho Ipuçaba, realizada no dia 29 de novembro de
2013 pela Comissão de Meio Ambiente da Câmara Municipal de Ipu, Técnicos da ONG
BIODIVERSIDADE , Secretaria de Meio Ambiente e Secretaria de Agricultura de
Ipu.
O SILÊNCIO DO IPUÇABA
Após
inúmeras denunciam feitas por ambientalistas, populares e instituições
comprometidas com as questões ambientais foi realizada no dia 29 de novembro de
2013 uma expedição articulada pela Comissão Ambiental da Câmara Municipal de
Ipu, ONG Biodiversidade e Prefeitura Municipal através das Secretarias de
Agricultura e Meio Ambiente, com objetivo de identificar problemas relacionados
à escassez de água e da poluição do riacho Ipuçaba decorrentes dos inúmeros
fatores como: desmatamento; depósitos de lixo; esgotos; retirada de água de
forma indiscriminada para uso agrícola; poluição por uso de agrotóxicos sem
controle sanitário; construções de residências irregulares dentro da APP;
construções de barragens e outros.
Chegou-se
ao local planejado (ponte da Várzea do Giló) às 9 horas da manhã e iniciamos os
trabalhos. O que se percebeu desde o inicio da expedição iniciada na ponte da
Várzea do Giló sentido a nascente no Sitio São Paulo é que existe durante todo
o percurso enorme quantidade de nascentes provavelmente mais de 100 com vazões
que variam de 1 litro a 10 litros por minuto.
A
poluição com resíduos sólidos e esgotamento sanitário são visíveis durante
grande parte do percurso e se intensificam no Distrito de Várzea do Giló, Sítio
São João e Mato Grosso.
Verdadeiros
lixões foram localizados no Sítio São João, local onde não existe nenhuma
atividade educacional que venha incluir a população ribeirinha ou qualquer
outra atividade voltada para melhoria da qualidade de vida da população e do rio,
inclusive neste logradouro já existe muros que cercam 100% a APP do Rio.
Foi
localizada uma pratica de irrigação medieval que utiliza a inundação como
sistema de irrigação. Essa prática se usa enormes valas que no caso do Riacho
Ipuçaba se retira em determinado período de tempo toda água do leito do
córrego. Essa Prática foi observada em dois pontos bem visíveis e definidos. O
primeiro localizado pouco abaixo da ponte da Várzea do Giló e outro com maior
gravidade, localizado na margem direita do Sitio Ipuçaba.
Outro
fator alarmante, é que, por se tratar de um córrego bastante declinado e constar
de várias cachoeiras e quedas d’água os moradores ribeirinhos utilizam do
recurso de retirar água por gravidade em tubos de PVC para fazer irrigações ou
comercialização da água. Foi localizado próximo a Indústria de Água Mineral
Acácia um local onde se subtrai grandes volumes de água e que no mesmo local
existem três tubo de PVC de 75 mm que juntos chegam a retirar mais de 10 mil
litros água/hora. Essa prática é provavelmente a mais utilizada por ser difícil
identificação.
Outra
prática, também bastante explorada e que se subtrai grandes volumes de água é a
que se retira diretamente das fontes, inclusive, algumas já possuem outorga,
além de duas indústrias de engarrafamento de água mineral, Brisa da Serra e
Acácia que também subtraem águas que alimentavam o riacho Ipuçaba. Esta prática estar a cada dia tornando as matas mais secas por não serem mais irrigadas pelas águas das fonte em períodos de estiagem.
Com
exceção das Indústrias de engarrafamento de água mineral e de outras formas de
comercialização de água, existem também outras ações que não são isoladas, práticas que são realizadas a mais de um século e que estão se
agravando a cada dia, transformando o grande patrimônio dos ipuenses em um
verdadeiro deposito de lixo e esgoto, eliminando espécies endêmicas que só
existem nessa região como é o caso o caranguejo de água doce. Muitas outras
espécies de peixes conhecidas já deixaram de existir e outras que nunca iremos
saber que existiu por que não temos nem registro documental, apenas relatos de
moradores que conheciam e chegaram a se alimentar com essas espécies que já não
existem mais.
Apesar
dos constantes crimes visíveis durante todo percurso, ainda é possível
encontrar trechos que conservam sua originalidade como por exemplo: Sítio
Ipuçaba, Sítio Gameleira e parte do percurso entre a ponte da Várzea e a Bica
do Ipu. Esses pequenos trechos do Ipuçaba ainda se mantém preservado com a Mata
Atlântica densa e verde e cachoeiras imponentes e que embelezam os olhos dos
visitantes.
Mas com
exceção desses pequenos percursos, durante toda sua extensão existem inúmeros
fatores que afetam a poluição e o percurso do Rio. Outro fator alarmante e
agravante é que o ribeirinho precisa da água para irrigar suas culturas que antes
eram basicamente frutíferas e que estão sendo substituídas por culturas mais
rentáveis como tomate, pimentão, repolho e maracujá, culturas que necessitam
cada vez mais de água e pesticidas aumentando a poluição. Do outro lado o
Riacho Ipuçaba agoniza e não pode gritar apenas o silêncio ecoa onde antes se
ouvia o murmurejar das cachoeiras e o canto dos pássaros que encantavam pela
beleza e esplendor.
Os
moradores da cidade querem que água continue deslizando sobre os rochedos para
alimentar “Mãe do Ipu”, a famosa “Bica do Ipu” tão conhecida mundialmente e
imortalizada pela obra de José de Alencar, “IRACEMA”, pela sua beleza e
exuberância e que infelizmente agoniza e pede providências.
Desde sua
penetração da na cidade no logradouro denominado "Gagão" que recebe de cada
residência localizada as suas margens uma punhalada até chegar a "Ponte da Beinha",
onde recebe mais lixo e esgoto. O que impressiona em toda sua trajetória de
luta para desembocar no Rio Jatobá e seguir até o mar onde ele deveria repousar, é ofertado todo o esgotamento sanitário da parte central da cidade, ato feito
pelo próprio órgão que deveria protegê-lo (Prefeitura). Nesse lugar (ponte -
Av. Cel José Lourenço) os transeuntes passam sobre Ele todos os dias a pé,
bicicleta, moto, carros luxuosos, caminhões e Ele ali debaixo da ponte agonizando sem
ninguém para acudi-lo. É duro, horrível, desencorajador, envergonhador,
assustador e imoral, mais Ele continua de braços abertos esperando a hora de
morrer digno, porque Ele sabe que foi responsável juntamente com sua filha e
“Mãe do Ipu”, pela existência da Terra de Iracema e pela construção e geração
da riqueza desse povo que o trata como se Ele fosse responsável pela sujeira
que eles mesmos produzem.
Salvar o
Riacho Ipuçaba não é apenas uma necessidade, é uma forma de dignificar o Rio
que deu origem a esta cidade e que a tornou em uma das mais belas do Brasil. É
também reconhecer a maior fonte de renda que este município possui e que pode
se transformar na cidade turística que muitos ipuenses almejam.
Outra
grande riqueza é toda essa água que é suficiente para abastecer a cidade é toda
gerada de fontes e que provavelmente toda sua água seja qualificada como
mineral.
Soluções
sugeridas pelos Técnicos da Ong. Biodiversidade
A
população ribeirinha necessita de renda para sobreviver dignamente. Isto é um
fato que não existe lei nenhuma que proíba alguém de usar qualquer método pra
sobreviver. Essas pessoas devem ser educadas com o novo padrão de consciência
vigente no mundo que se manifesta no tripé econômico, social e ambiental. Se
precisam sobreviver dar-se uma contrapartida financeira que ao em vez de
retirarem as águas do riacho possam receber recursos para protegê-las.
Fazer
urgente o plano de manejo, conservação, recuperação e ampliação da mata
atlântica existente e recuperar toda vegetação as margens do rio reestruturando
sua mata ciliar nativa em toda sua extensão.
Proibir
definitivamente que se faça qualquer tipo construção civil a uma distância de
100 metros do leito do rio respeitando as que já existem e só deve ser fazer
reforma nas que já existem com projeto pré-aprovado por órgãos ambientais,
governamentais e não governamentais da sociedade civil organizada.
Retirar
as construções: residências, bares, banheiros, cacimbas, cacimbões e barragens
que estejam dentro do leito do rio.
Construir
fossas sépticas e esgotamento sanitário para todas as residências da população
serrana que resida próxima das margens do Ipuçaba.
Apesar de
gerar renda não se deve dar mais concessão para exploração de água mineral que
na sua essência seja alimentadora do Rio permanecendo apenas as que já existem.
Fazer
urgentemente sistema de esgotamento sanitário na Várzea do Giló e
posteriormente na sede do município ( Saneamento Básico).
Aplicar
com rigor as Leis Ambientais existente no país no que se referem a LEI que
define as áreas de proteção ambiental APP, APA, Parques Ecológicos e
RPPN.´
Abastecimento
de água potável para os moradores das localidades de São Paulo, Mato Grosso,
São João, Gamileira, Ipuçaba, Santo Antonio e o distrito de Várzea do Giló com
águas vindas do açude Jaburu, Inhunçu ou Lontras. Esses dois últimos açudes
resolveriam o problema de água da Ibiapaba para os próximos 50 ou 100
anos.
Depois da
queda d’água da Bica do Ipu parte das águas do Ibuçaba podem ser utilizadas
para abastecimento humano.
O Riacho Ipuçaba, deve ser debatido e discutido nas escolas enfatizando benefícios
para a população com a sua riqueza natural e ambiental, o Açude de Lontras
também deverá ser estudado e divulgado na rede pública de ensino da Ibiapaba para que
nossas crianças possam conhecer que existem projetos para realização desses
grandes sonhos do povo da ibiapabano.
Apesar
dos problemas e das dificuldades nas soluções, nós que fazemos a ONG.
ORGANIZAÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DA IBIAPABA E SEMI-ÁRIDO –
BIODIVERSIDADE, acreditamos que encontraremos o caminho que nos levará a
solucionar os problemas que atingem o nosso Riacho Ipuçaba e que muito em breve
estaremos recebendo em nossas residências água de boa qualidade vinda deste Rio
sem tratamento, apenas filtrada como o que acontece com as nossas águas
minerais....
As águas
do Ipuçaba atualmente conhecido como Ipuçabão, ainda se bem gestada são
suficientes para abastecer como água potável a cidade de Ipu. Quem participou
da expedição comprovou o que temos dito.
Temos
Dito também, que no Nordeste não falta água, falta planejamento e gestão!
Eng.
Agrônomo/ Diretor ONG BIODIVERSIDADE
Comissão
Ambiental da Câmara Municipal de Ipu: Antônio Adriano Melo, Antônio Carlos do
Amarante, Ilton Belém;
BIODIVERSIDADE:
Antonio Cícero Jerônimo de Sousa
Secretario
de Agricultura: Joel Martins Aragão - Técnicos: Gilmar Custódio, Marcio,
Moraliza, Altiere, Tayrone;
Secretaria
de Meio Ambiente: Sebastião Monteiro
Imprensa:
Fagner Freie - IPUNOTÌCIAS
Populares:
Fernando Roberto Filho, Patrícia Freires e outros.
http://cicerojeronimo.blogspot.com.br/2014/06/o-silencio-do-ipucaba.html
Outra grande riqueza é toda essa água que é suficiente para abastecer a cidade é toda gerada de fontes e que provavelmente toda sua água seja qualificada como mineral.
Riacho Ipuçaba - Sítio São João |
Riacho Ipuçaba - Sítio São João |
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